Disjuntor 220V, como escolher e dimensionar?
Você sabe como dimensionar e escolher o disjuntor geral 220V? Sabia que este disjuntor pode estar tanto no QDC, quanto no medidor? Neste artigo vamos te ajudar com estas dúvidas, explicando tudo sobre o dimensionamento de disjuntor 220V. Então, vamos lá pessoal!
Disjuntor: Como escolher?
Aprender como dimensionar um disjuntor geral é muito importante para um eletricista! Muita gente acha que é uma tarefa complicada, mas na verdade vamos usar alguns cálculos bem simples, ou seja, usando apenas uma simples calculadora você conseguirá fazer os cálculos para dimensionar o disjuntor 220V.
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Disjuntor: Potência dos circuitos elétricos
Para começar o dimensionamento do disjuntor, você precisa levantar a potência de todos os circuitos da instalação elétrica. Neste exemplo abaixo temos uma instalação com os seguintes circuitos:
- Circuito 1 – Circuito de Iluminação, 900W
- Circuito 2 – Circuito de Tomadas TUG, 1.100W
- Circuito 3 – Outro Circuito de Tomadas TUG, 1.100W
- Circuito 4 – Circuito TUE para o Chuveiro, 7.500W
- Circuito 5 – Circuito TUE para a Máquina de lavar, 1.200W
- Circuito 6 – Circuito TUE para o Micro-ondas, 1.100W
Para a aplicar os fatores de demanda destes circuitos, eles devem ser separados em circuitos de uso geral (iluminação e tomadas TUG), ou circuitos de uso especial (chuveiro, máquina de lavar e micro-ondas). Os fatores de demanda são aplicados sobre o valor da potência.
Primeiro vamos aplicar o fator para os circuitos de iluminação e os circuitos TUG. Para isso vamos somar as potências destes circuitos, que são 900W de potência da iluminação ativa do circuito 1, mais 1.100W de potência das tomadas TUG do circuito 2, e mais 1.100W de potência das tomadas TUG do circuito 3, totalizando 3.100W.
Agora que sabemos a potência, vamos consultar a tabela do fator de demanda para a iluminação e tomadas TUG. Caso você não saiba, esta tabela é disponibilizada no site das concessionárias e ela define o fator de demanda de acordo com as faixas de potência instaladas.
No nosso exemplo, a potência 3.100W se encaixa nesta faixa entre 3.001W e 4.000W. Portanto, o fator de demanda a ser aplicado para esta faixa de potência é de 0,59. Então, ao multiplicar 3.100 por 0,59 obtemos a potência já ajustada de 1.829W.
A primeira parte está pronta! Agora vamos aplicar o fator de demanda para os circuitos de uso especial. Temos 7.500W de potência do chuveiro do circuito 4, mais 1.200W de potência da tomada TUE da máquina de lavar do circuito 5, e mais 1100W de potência da tomada TUE do micro-ondas do circuito 6, totalizando 9.800W.
O próximo passo é consultar a tabela que define o fator de demanda de acordo com a quantidade dos circuitos de uso especial. No nosso exemplo são três circuitos de uso especial, e podemos ver que o fator de demanda indicado é de 0,84. Agora basta multiplicar 9.800W por 0,84, e obtemos a potência já ajustada de 8.232W.
Com as potências dos circuitos já ajustadas, o próximo passo é encontrar a potência total da instalação ajustada de acordo com o fator de demanda. Basta somar a potência dos circuitos TUG que é 1.829W, com a potência dos circuitos TUE que é 8.232W, totalizando 10.061W.
Disjuntor do medidor: Como dimensionar?
Agora já podemos dimensionar o disjuntor do medidor! Para fazer isso vamos consultar uma tabela simples da concessionária. Entenda que é muito importante consultar a norma de instalação para a sua região, justamente por causa destas características próprias de cada concessionária.
Acesse o site da concessionária da sua região, baixe as tabelas e siga o passo a passo de dimensionamento que estamos ensinando. Para facilitar a sua compreensão, vamos mostrar um exemplo da CELESC onde a tensão de fase e linha é 220/380V, e um outro exemplo da CEMIG, onde a tensão de fase e linha é 127/220V.
Na tabela da CELESC que aparece abaixo, a potência calculada está na faixa entre 8 e 11KW. Nesta instalação, o disjuntor do medidor deve ser um disjuntor de 50A monopolar, pois a ligação disponibilizada é de 2 fios, fase e neutro. Observe que o medidor pode ser tanto do tipo DIN, quanto do tipo NEMA.
Já na tabela da CEMIG, a potência calculada está na faixa entre 10,1KW e 15KW. Nesta instalação o disjuntor do medidor deve ser de 60A bipolar, pois a ligação disponibilizada é de 3 fios, duas fases e neutro. A CEMIG ainda não permite o uso do disjuntor DIN, então só podemos usar disjuntor NEMA.
Disjuntor do QDC: Como dimensionar?
Agora vamos mostrar como dimensionar o disjuntor geral do QDC, que também vai ser um processo bem simples! Tanto no caso da CELESC, quanto no caso da CEMIG iremos usar a tensão de 220V para o cálculo.
No caso da CELESC o medidor será monofásico, mas com tensão de fase 220V. No caso da CEMIG podemos ter as duas tensões 220V ou 127V, mas como na tabela a potência define um disjuntor bipolar, nós precisamos usar a tensão de linha, já que no nosso caso a tensão entre as fases é de 220V.
Vamos fazer esse dimensionamento usando a lei de Ohm para dividir a potência pela tensão. Dividindo a potência de 10.061W por 220V, temos uma corrente de 45,73A, que é a corrente para considerar o disjuntor geral deste QDC.
Consultando uma tabela de disjuntores da linha easy 9 da Schneider, encontramos o disjuntor de 50A para a corrente mais próxima de 45,73. Como foi dito, este disjuntor deve ser monopolar no caso da CELESC e bipolar no caso da CEMIG.
Se você observou bem o caso da CEMIG, certamente notou que houve uma diferença entre o disjuntor do medidor que é de 60A bipolar, para disjuntor do QDC que é de 50A bipolar. É importante compreender que esta diferença não é um problema, porque ela foi calculada e garante a seletividade dos circuitos.
Disjuntor parcial QDC
Os disjuntores parciais do QDC vão ter uma diferença entre os sistemas monopolares 220V e bipolares 220V. Nas regiões onde temos a tensão 127/220V, a grande maioria dos equipamentos é 127V, e apenas os equipamentos de maior potência são 220V, assim como mostra a imagem abaixo.
Então, na instalação teremos disjuntores monopolares e bipolares, assim como mostra a próxima tabela. As curvas dos disjuntores são definidas de acordo com a utilização, e o disjuntor geral sempre vai ter a curva maior entre os disjuntores! Observe que há disjuntores curvas B e C, então o disjuntor de maior curva deve ser usado, que no caso do nosso exemplo é um disjuntor de curva C.
Ainda nas regiões de tensão 127/220V, o circuito TUG deve ter potência máxima de 1.100W. Nas regiões de tensão 220/380V, os circuitos TUG devem ter potência máxima de 2.200W. Foi por isso que agrupamos os circuitos 2 e 3 como mostra a tabela seguinte, porque com isso podemos economizar um disjuntor e também alguns cabos do circuito.
E aí, dá para fazer o dimensionamento do disjuntor com todas essas dicas? Esperamos que este artigo possa te ajudar com as dúvidas que tinha! Se quiser aprender mais sobre dimensionamento correto, assista o vídeo baixo do canal Mundo da Elétrica, que explica como fazer dimensionamento dos cabos elétricos. Aproveite para deixar o seu like e se inscrever no canal.
Com isso encerramos este super artigo! Continue acessando o nosso site para aproveitar todas as informações gratuitas que podem te ajudar a ser um profissional cada vez mais capacitado! Se tiver alguma dúvida ou sugestão, favor deixar nos comentários que iremos responder.
Sobre o autor
Eletricista desde 2006, Henrique Mattede também é autor, professor, técnico em eletrotécnica e engenheiro eletricista em formação. É educador renomado na área de eletricidade e um dos precursores do ensino de eletricidade na internet brasileira. Já produziu mais de 1000 videoaulas no canal Mundo da Elétrica no Youtube, cursos profissionalizantes e centenas de artigos técnicos. O conteúdo produzido por Henrique é referência em escolas, faculdades e universidades e já recebeu mais de 120 milhões de acessos na internet.
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